O Evangelho deste domingo narra as circunstâncias em que Jesus foi concebido por Sua Mãe, Maria. O anjo Gabriel foi o mensageiro que teve a missão de anunciar que ela receberia a maior graça que uma mulher poderia receber: ser a Mãe do Filho de Deus. É claro que isso também traria uma série de dificuldades que ela teria de superar. Mas a Virgem Maria resolveu assumir de corpo e alma o projeto de Deus para a sua vida. Esta é a grande mensagem que o Evangelho quer nos trazer neste dia: Maria confiou no plano de Deus. E nós?
Muitas polêmicas já foram criadas em torno da Santíssima Virgem Maria, mas alguns aspectos são incontestáveis, como, por exemplo: ela foi bastante corajosa ao aceitar ser a Mãe de Jesus, sem nem ao menos pedir a opinião de pessoas importantes na sua vida, como seus pais ou seu noivo, José.
Vendo a situação em que Nossa Senhora estava e da qual ela participou – como na passagem de hoje – concluímos que ela é uma mulher de atitude, decidida, que sabe o que quer. Quando percebeu a seriedade da situação, deu um “sim” que mudou para sempre a história da humanidade. E criou o seu Filho, desde antes do seu nascimento, como se cria o próprio Filho de Deus. Ela entendeu e acreditou que este foi o plano que Deus pensou para a sua vida.
Aí você poderia pensar: “Ah! Mas no caso dela foi fácil! Veio um anjo do céu e disse qual era o plano de Deus para ela. Se viesse um anjo e me dissesse o plano de Deus para minha vida, eu também seguiria!” Se você voltar ao texto do Evangelho, verá que o anjo não tinha um “crachá” que o identificasse como “Anjo Gabriel – Enviado de Deus”. Mas Maria acreditou!
Quantos “anjos” já passaram pela nossa vida nos dando as pistas do plano de Deus? Com certeza, já passaram muitos na minha e na sua vida. Pode ser até que você já tenha sido esse anjo para mim ao ler esta homilia e fazer o seu comentário, e eu esse anjo para você ao escrevê-la, sabia?
O nosso problema é que nós somos lentos para entender! Não acreditamos logo de primeira. Precisamos ter vários sinais para poder começar a acreditar que Deus está tentando nos mostrar o Seu plano na nossa vida. Imagine se Maria fosse assim!
Ela fez diferente. Ao aceitar o desafio do Senhor, também aceitou o perigo da sociedade em apedrejá-la sob a acusação de adultério, por estar comprometida com José. Outro risco que tinha de enfrentar era a ruptura do seu casamento – que já estava tão próximo! – quando José soubesse de sua gravidez.
Mas a Virgem Maria preferiu fazer a vontade de Deus a agradar os homens, ainda que lhe custasse tudo. Um grande exemplo para nós! Também lhe é anunciado que sua parenta Isabel havia concebido em sua velhice, e que era o sexto mês para aquela que era considerada estéril, porque nada é impossível para Deus!
Isto nos deve chamar também a atenção: Lucas conta a história do nascimento de Jesus principalmente desde a perspectiva de Maria em quem Deus cumpre as promessas feitas a Abraão.
O nascimento virginal é uma doutrina cristã fundamental, que aparece no credo dos cristãos desde muitos séculos atrás. Pelo nascimento virginal por obra do Espírito Santo, Jesus Cristo não teve pecado original e, por isso, foi capaz de oferecer um sacrifício perfeito para salvar a humanidade. Porque só os homens livres podem salvar os condenados. Só o Homem celeste pode santificar o homem da terra. Se tivesse nascido de um pai humano, teria sido um homem comum, incapaz de salvar-nos.
Maria compreendeu, na sua pureza, que o plano de Deus não é aquele que vai nos fazer “nunca mais ter problemas na vida”. Muito pelo contrário! A Santíssima Virgem teve inúmeras dores. Ela enterrou o próprio Filho! A certeza que nós temos, ao aceitar o plano de Deus, é que nós já somos vitoriosos mesmo antes de começar o Seu plano, pois já estaremos com o nome inscrito no Reino dos Céus.
Que com Maria Santíssima, a Mãe de Deus, e sobretudo com o seu “sim”, saibamos aceitar o desafio do projeto de Deus em nós. Que Cristo continue sendo “gerado” em nós para os nossos irmãos e irmãs, e com Ele percorramos a trajetória de Sua vida: Seu Nascimento, Ministério, Paixão e Ressurreição.
Padre Bantu Mendonça
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