Hoje, o Evangelho no fala de troca de moradias: Deus morando em nós e nós morando com Ele. O Senhor quer morar em nós, Ele nos chama pessoalmente: “Vinde e vede”; muitas vezes, por intermédio de outra pessoa.
No Evangelho, o intermediário foi João Batista: “Eis o Cordeiro de Deus”. André e João imediatamente foram atrás de Jesus porque o convite de João tinha credibilidade. Todos aqueles que têm a missão de apontar o caminho de Cristo para os outros – por exemplo, os pais para os seus filhos – devem ter credibilidade, e esta vem por meio de exemplos e da coerência de vida.
Em nosso coração e em nossa alma – pelo batismo –, nos tornamos templos do Espírito Santo. Mas para que Deus more dentro do nosso coração é preciso que Lhe abramos as portas: “Abre bem as portas do teu coração e deixa a luz do céu entrar!”
Em nosso corpo – São Paulo nos diz “ou ignorais que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que mora em vós e que vos é dado por Deus?” Depois ele vai concluir: “Glorificai a Deus com o vosso corpo. O corpo não é para a imoralidade, mas para o Senhor, e Ele para o corpo”.
Em nosso corpo e em nossa alma: “Bem-aventurados os puros de coração porque verão a Deus“, porque somos membros de Cristo e templos do Espírito Santo. Este é o fundamento da ética cristã, que é o oposto do famoso dualismo da filosofia grega: corpo e alma, matéria e espírito separados, origem da moral sexual pagã que volta a predominar em nossos tempos. A alma para a virtude, o corpo para o pecado!
Estamos falando, hoje, sobre uma ética cristã para cristãos, que é uma linguagem entendida somente por quem assume sua fé cristã em sua totalidade. Corpo e alma para o autêntico cristão, para o católico convicto, é o espírito de Deus que mora nele e que há de ser o motor de todo o seu dinamismo pessoal; embora ele não vá deixar de cuidar do seu corpo, da sua saúde, do seu vigor, da sua beleza. Mas sabe que o que dá vida ao corpo é o espírito! E o que dá vida a um corpo santificado é o Espírito Santo!
E onde encontraremos a morada de Deus? Quando o Batista apontou para Cristo dizendo:“Eis o Cordeiro de Deus!”, logo André e um outro discípulo seguiram Jesus. Vendo que O estavam seguindo, Cristo volta-se para eles e pergunta: “O que estais à procura?” Eles disseram: “Rabi, onde moras?” Jesus respondeu: “Vinde e vede!” E eles foram ver onde Jesus morava e, naquele dia, permaneceram com Ele!
Hoje, Jesus repete o convite para cada um de nós: “Vinde e vede!” E onde O vamos encontrar? No irmão que sofre fome, sede, nudez e humilhação: “Vinde benditos de meu Pai, porque quando tive fome me destes de comer, quando tive sede me destes de beber, quando estava nu me vestistes, doente e me visitastes, preso e viestes ver-me”!
Encontraremos também a morada de Deus no ventre de uma mulher grávida que aceita tornar-se mãe. Deus nunca aceitará morar no ventre de uma mãe que aborta por egoísmo ou comodidade! No interior da família que O acolhe pelo sacramento do matrimônio e que a transforma numa verdadeira Igreja doméstica pela prática e vivência dos sacramentos, principalmente o sacramento da Eucaristia. Neste momento, a família se transforma num sacrário vivo onde se pode ver, contemplar e encontrar Jesus!
Padre Bantu Mendonça
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